No sábado passado fui ao circo com os miúdos. A B. tinha bilhetes que davam desconto e lá fomos nós com a criançada atrás, à sessão da tarde.
Devo começar por vos dizer que nunca gostei de circo.
Devo acabar por vos dizer que fiquei agradavelmente impressionada.
Trata-se dum pequeno circo italiano chamado Circo Gottani que percorre vilas pequenas, creio eu que apenas entre Portugal, Espanha e Itália, pelo bem que falavam 'português-espanholado-italianado' perceptível aos miúdos todos.
A 'base' do circo é a história do Pinóquio e é ele a única figura-palhaço assumida. O circo tem apenas 8 artistas e 2 ajudantes. Como é possível montar e apresentar um espectáculo de qualidade com apenas 10 pessoas?!
O circo começa como o princípio do livro, com o Gepetto a talhar um pedaço de madeira, as luzes vão descendo enquanto o Gepetto adormece e quando voltam a acender é já o Pinóquio que sai da arca. O Pinóquio é trapalhão, faz asneiras, mete-se com o público, atira-nos pipocas, não quer ir à escola e rouba uma maçã à vendedora (que será a menina do arame e que venderá pipocas no intervalo). O polícia que entra em cena para perseguir o Pinóquio (e que será o apresentador) terá talvez um pouco o papel de Palhaço rico e estas duas figuras estarão presentes, em diálogo, durante todo o espetáculo pois o Pinóquio vai querendo fazer tudo o que vê.
Tivemos então um apresentador-polícia; o Pinóquio-palhaço que também fará acrobacias no trampolim enquanto esperam pelo respectivo artista que não chega (e que nunca chegará a aparecer), o dono do circo que faz de Gepetto no princípio e faz o espectáculo final das águas que dançam; um 'domador' que faz um mini-show com apenas 5 animais que me pareceram muito bem tratados, 3 cavalos lusitanos brancos e lindos e mais um burro engraçado (que só se quer deitar no chão) e um pónei (que só se quer enfiar debaixo das pernas altas dos cavalos), uma rapariga que faz equilibrismo num arame e que mais tarde será a ajudante do Mágico; um Mágico que fará um espectáculo de chorar a rir, a dançar Sevilhanas, e em que a única coisa que os 2 fazem é trocarem de roupa umas 10 vezes sem a gente conseguir dar conta; uma rapariga que faz acrobacias deitada a rodar e a trocar coisas com os pés e uma outra rapariga que faz acrobacias lindas, tipo anjo, num arco pendurado no ar e sem rede.
Estes 8 artistas e mais dois ajudantes que vão ajeitando o cenário conforme o número a apresentar foram capazes de nos entreter com um espetáculo de qualidade durante quase duas horas.
Olhem que é preciso ter amor ao que se faz! Aquilo nem era um Circo, era mesmo uma família a brincar.
Todos ajudam todos, desde o apresentador ao dono, todos ajudam a 'montar os cenários' e a esticar as cordas do arame. As três meninas vendem pipocas e algodão doce no intervalo enquanto o domador e os dois ajudantes dão voltinhas à pista com os miúdos do público montados no burro e no pónei.
No fim ainda tivemos o Pinóquio à porta para se despedir pessoalmente dos miúdos, de quem lhe quiser apertar a mão e para tirarem fotografias.
Voltariam a repetir o espectáculo à noite e novamente no domingo à tarde. Na segunda já estavam a desmontar a tenda rumo à próxima localidade onde a voltarão a erguer e onde ensairão durante a semana para repetirem as 3 sessões ao fim de semana.
Adeus Circo, obrigada. Até para o ano.
:)