quarta-feira, 30 de abril de 2008

Descobertas

Graças à professora de Ballet da minha filhota descobri um compositor francês que tem acompanhado os meus dias de trabalho por aqui. Já compôs para coreógrafos como Pina Bausch, Carolyn Carlos ou Philippe Genty e a sua primeira actuação em palco foi conjunta com Philip Glass, Nusrat Fateh, Ali Khan e David Byrne o que atesta muito em seu favor. A banda sonora dos filmes "Malabar Princess", "Killer Kid" e "La Révolte des Enfants" são também assinadas por ele.
O CD que tenho (Plaisirs d'amour) é suave, calmante, hipnótico e deixa fluir os nossos pensamentos livremente. Gosto particulamente da música 1 (Salento) e da 13 (Flow).
Deixo-vos a única música que encontrei dele, no YouTube.
Recomendo! :)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Spring time, at last...

"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades".
(Luís Vaz de Camões)

Já que ainda não me consegui decidir a mudar de 'armas e bagagens' para outra "localização" (mais por falta de tempo que de vontade), apetecia-me há muito, lavar a cara por aqui. Tal como com as limpezas de Primavera, hoje houve arrumações e renovações por aqui.
Tudo graças à
Alex (OBRIGADA, Amiga!)
Ficou lindinho.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

23 de Abril


O "Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor" é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril, dia de São Jorge.

Esta data foi escolhida para honrar a velha tradição catalã segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de São Jorge (Saint Jordi) e recebem em troca, um LIVRO.


Em simultâneo, é prestada homenagem à obra de grandes escritores, como Shakespeare e Cervantes, falecidos em 1616, exactamente a 23 de Abril.


Partilhar livros e flores, nesta Primavera, é pois prolongar uma longa cadeia de alegria e cultura, de saber e paixão. Partilhar livros é partilhar amigos!

Tenham um feliz Dia Mundial do Livro!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Que sociedade construímos nós?

O vídeo tornado público por altura da Páscoa, no qual se poder ver uma professora a ser humilhada por uma aluna, perante uma plateia delirante e sardónica que assiste passiva àquele triste espectáculo, demonstra que algo vai mal, não apenas nas escolas, mas também na nossa sociedade. Este é um assunto complexo e tem na sua origem várias causas que não se resolvem apenas através da intervenção do poder político.

A desautorização dos professores e a demissão dos pais do exercício da sua autoridade educativa, para além de conduzir a atitudes e comportamentos anti-sociais, proporciona a estruturação de personalidades imaturas e com falhas na adaptação social.

Verificamos que na educação das crianças e dos jovens há cada vez mais uma ausência de limites. Existe, por vezes, a noção errada de que a tolerância é o maior dos bens e que os limites, impostos pelas regras, são actos de repressão. Porém, a permissividade excessiva e a ausência de limites na educação são também provas de desamor e de abandono. Neste contexto, a família tem um papel fundamental. Educar obriga muitas vezes a dizer "não" e isso leva muitas vezes a reacções, do lado dos filhos, que são difíceis de presenciar. Evidentemente que muitas vezes torna-se mais fácil dizer "sim" do que ter que lidar com uma briga ou um amuo. Mas quem disse que educar não dá trabalho?

Uma das consequências da ausência de limites na educação é a falta de capacidade para lidar com a frustração. Estes jovens tornam-se impulsivos, incapazes de esperar, procurando a todo o custo a gratificação imediata e a satisfação dos seus desejos. Não é pois de estranhar que, diante uma contrariedade imposta por um professor, a agressividade surja como uma reacção natural.
É curioso constatar que − ao contrário daquilo que seria de supor − o excesso de tolerância na educação das crianças e dos jovens, transforma-os precisamente em indivíduos pouco tolerantes. Para se viver em sociedade é necessário aprender regras, é necessário perceber que a minha liberdade termina quando atinge a liberdade do outro. Por isso, a inexistência de normas e limites incita ao individualismo e a um narcisismo intolerável.

A capacidade de ouvir o outro também se aprende. Com efeito, para assistir convenientemente a uma aula é necessário que haja quietude e silêncio. Ora, uma grande parte dos nossos jovens não suportam o silêncio. Num mudo repleto de estímulos e de excesso de comunicação, os jovens não conseguem largar o telemóvel, não sabem estar consigo próprios, receando o vazio da solidão.
Para alguns jovens, os professores − tal como os pais – são vistos como figuras autoritárias, repressoras e desprezíveis. Esta atitude pueril reflecte uma falta de interesse e um desdém pelo conhecimento que a educação proporciona. Na verdade, muitos são incapazes de compreender que é o seu próprio futuro que está em jogo. De resto, esta imaturidade transfere-se para a vida adulta, levando a que se tornem adultos inconstantes, inadaptados, revoltados, atribuindo frequentemente à sociedade as razões do seu infortúnio.

Fala-se muito na necessidade de educação sexual nas escolas, mas fala-se pouco de educação cívica. Esta é uma matéria na qual a escola tem uma palavra a dizer. Penso que deveria obrigatoriamente fazer parte da formação dos jovens nas escolas uma experiência de voluntariado. De outro modo, como é que será possível criar uma consciência social nos jovens, se não se integra a solidariedade como um elemento da sua formação? Esta falha formativa pode criar uma "infantilização da sociedade", em que o Estado é visto como uma espécie de pai que tem que nos proteger, garantir todos os direitos, e o único responsável pelo nosso destino.

Os jovens estão cada vez mais afastados da religião e das ideologias políticas. Há uma pressão enorme, por parte da sociedade, para o consumismo e para o hedonismo. Todavia, sabemos que o Homem tem outras aspirações, além dos aspectos materiais e da procura da satisfação dos desejos imediatos. Existem outros valores que devem ser ensinados e transmitidos aos nossos jovens. Mas, infelizmente, vivemos cada vez mais numa sociedade light, na qual vinga a cultura da superficialidade, a procura do prazer imediato e o individualismo.

Os alunos, os professores e a infantilização da sociedade, Pedro Afonso (Psiquiatra)
In Jornal Publico - 02 Abril 2008

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Cada vez mais...

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.".
(Clarisse Lispector)

sábado, 5 de abril de 2008

“O debate público sobre educação está saturado de evidências, alimentadas fundamentalmente por quem nunca entrou numa sala de aula… a não ser como aluno. Todos têm certezas sobre tudo”.
António Nóvoa
in "Da vida na escola – histórias com crianças dentro".
Porto: Asa (2006)

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Curtas e secas #2



Num exame de Química:
- Qual a diferença entre solução e dissolução?

Resposta do aluno:
- Se colocarmos um membro do governo em ácido sulfúrico e esperarmos que se dissolva, temos uma dissolução; se fizermos o mesmo com o governo inteiro obtemos a solução...





Manoel d’ Arriaga,
Litografia colorida de Rafael Bordalo Pinheiro
Publicada no "Álbum das Glorias" em Junho 1882

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Precisam-se de mais mães assim!

Ontem tive uma experiência nova.
Em 10 anos de serviço nunca tive uma turma tão má como um oitavo ano que tenho este ano. Os miúdos, individualmente, são amorosos. Gosto de todos e gostava de conseguir chegar mais a eles, coisa que é muito difícil quando se dá uma disciplina (90minutos) que aparece uma vez por semana no seu horário. Em grupo são uma desgraça.
Regras não há. Respeito uns pelos outros é coisa da pré-história. Um é hipercinético, dois são hiperactivos, metade apresentam uma constante expressão entediante de "Oh Setôra, despache lá isso" e o silêncio de outros dois incomoda-me...
Na reunião do final do segundo período pedi, ao Director de Turma, a data da reunião com os Encarregados de educação porque eu queria estar presente. Queria ver o 'lado de lá' para tentar perceber o que se passa com estes miúdos. Quando me 'chegou' a pauta da turma às mãos verifiquei sem surpresa que havia 13 negativas a matemática, 11 a francês, 13 a história, 10 a geografia, 6 a Ciências, 8 a Físico-química, 5 à minha disciplina, 5 a Inglês... Duma turma de 26, 8 têm notas para reprovar o ano neste momento.
Ontem estive com os pais das 18:30 às 21:30. Eu, o professor de Geografia (que é o director de turma) e a professora de matemática. Tive pena que não viessem mais professores da turma mas compreendo-os perfeitamente. 3 horas extra, à noite, vezes 6, 7, 9 ou 11 turmas é incomportável...
Bom, dos 26 alunos apareceram 15 mães (curioso que embora a maioria os miúdos reconheçam mais autoridade aos pais, são sempre as mães as Encarregadas de Educação). Também tive pena que não viessem mais, sobretudo porque, como de costume, aquelas que mais falta lá fazem são as que nunca aparecem...
Gostei bastante de falar com todas, abertamente. Acredito que custe muito ouvir e tomar consciência de que os seus filhos são sejam exactamente o que elas pensam e desejam quando não se encontram debaixo da sua alçada mas é delas que precisamos se queremos chegar a algum lado. Numa altura em que a opinião pública considera que tudo o que acontece é por culpa dos professores, gostei que elas tivessem assentido que este é um trabalho conjunto e que não cabe unicamente aos professores motivar, interessar e fazer trabalhar os alunos quando a estes nada interessa.
Foi muito bom. Uma experiência a repetir.

Ámen!

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