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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Tal e qual como cá...

1. Enquanto o Governo português deita para cima das escolas milhões de euros em computadores, quadros interactivos e projectores de vídeo - e para cima das crianças mais de 500 mil portáteis - nas escolas de Silicon Valley, o berço das tecnologias digitais, os alunos estão proibidos de aceder ao You Tube e às redes sociais.


2. É na opolenta California que esta cena se passa: as escolas não estão equipadas com os últimos gritos em tecnologia digital e a Internet é pouco usada nas salas de aula. Os orçamentos das escolas não comportam a compra dos últimos modelos de computadores e a racio alunos/computador é elevada.


3. E é assim não só para evitar desperdício de dinheiro mas também porque os estudos confirmam que os alunos que passam muito tempo na Internet têm piores resultados escolares do que os que fazem um uso parcimonioso das tecnologias digitais.


4. Os estudos provam que os alunos que passam muitas horas por dia de volta dos iPhones, dos smartphones, das consolas de jogos, do Facebook, do Hi5, do My Space e do You Tube têm piores resultados escolares do que os que passam o tempo de volta dos livros. E é por isso que os computadores das escolas de Silicon Valley barram o acesso ao You Tube e às redes sociais e proíbem o uso dos telemóveis. E há mais: os alunos não têm acesso à Internet sem fios dentro dos espaços escolares. E esta, hem?

Tal e qual como cá, não?
Tirado daqui, e daqui.

domingo, 27 de setembro de 2009

Havia tanto para dizer...




segunda-feira, 7 de setembro de 2009

:)

Hoje foi dia de Reunião Geral e de distribuição de serviço.
Foi bom rever caras conhecidas.
Foi bom verificar alegria verdadeira, em algumas pessoas, por eu ter voltado a ficar na mesma escola.
Foi mesmo bom sentir-me tão bem acolhida.
É bom sentir que, ao fim de 11 anos, pertenço finalmente a algum lugar. Mesmo que seja só por 3 ou 4 anos...
Vou ter o 3º ciclo todo e mais dois profissionais.
7 Turmas. 6 programas diferentes para preparar. 23 horas lectivas.
Vai ser um grande ano! :))))))

terça-feira, 7 de julho de 2009

Avançar para onde?!




O ME veio hoje à boca cheia afirmar que foram colocados 30 mil candidatos nesta primeira fase dos concursos mas que ainda irá colocar mais 38 mil professores. Esqueceu-se foi de referir que esses 30 mil são maioritariamente professores efectivos que praticamente 'trocam de escola entre si'...

O que o ME também não diz é que dos cerca de 50 mil novos candidatos a vagas de quadro, só terão sido colocados cerca de 500, ou seja, cerca de 1%, ou seja, 99% dos professores que concorreram para ingressar em quadro não o conseguiram e 41% do total de docentes dos Quadros de Zona Pedagógica (que não são efectivos numa escola mas já eram afectados a uma zona) não obtiveram sequer colocação nos novos quadros criados (Quadros de Agrupamento).

O ME também se esqueceu de referir que essas futuras 38 mil colocações já não serão efectuadas em lugares de quadro mesmo que se venha provar que as vagas e as necessidades de colocação existem. Esses 38 mil, mesmo que necessários, continuarão a deambular pelo país fora nos próximos 4 anos sem poiso nem emprego certos.

Ficaram, portanto, por colocar milhares e milhares de professores QZP (que já eram efectivos numa zona Pedagógica e que agora não 'estão em lado nenhum') e de contratados que, tal como eu, são necessários mas que não conseguem ficar definitivamente em lado nenhum. Isto é mesmo só pra inglês ver ou para continuar a enganar os portugueses? Ah, já estamos em campanha!
Avançamos mesmo para onde?

Na mouche!

Stephen P. Heyneman é um professor da Universidade de Vanderbilt (Tennessee, EUA), trabalhou no Banco Mundial durante 22 anos, e, nos últimos anos tem sido consultor de Política Educativa Internacional em diversos países. Na semana passada esteve em Lisboa para falar sobre a política educativa da administração Obama e expressou esta opinião relativamente à distribuição dos computadores Magalhães no ensino público primário português:

“É um computador colorido. Gosto da sua portabilidade. O que me perturba é ter sido dado às crianças como se elas pudessem ter autonomia para trabalhar sozinhas. E os professores?”, pergunta. “Eu começaria por dar computadores aos professores para trabalharem e organizarem as suas lições. Era isso que recomendaria à vossa ministra da Educação”, responde. O que vi, no Porto ou em Lisboa, foi crianças a brincar com o Magalhães, “como se fosse uma máquina de jogos e não como se tivessem um computador para trabalhar”. “Não deve ter sido para isso que os computadores foram distribuídos. Certamente não eram esses os objectivos do Ministério da Educação, mas sim o da sua integração no trabalho escolar”...

Heyneman lembrou ainda um estudo comparativo feito na Áustria e nos EUA sobre a utilização dos computadores: Enquanto na Áustria o programa foi um sucesso porque os professores foram envolvidos e tiveram formação para aprender a trabalhar e foram eles que ensinaram as crianças; nos EUA não houve formação, nem integração no currículo e os resultados do programa não foram positivos. É em estudos como este que Portugal deveria reflectir.

Nem mais! Em poucas palavras está lá tudo.
E mais... Já diziam as professoras primárias dos meus filhos: "Todos podem pedir o computador, se o desejarem, mas os pais ficam desde já informados que nós não os exigiremos para as aulas". E isso por três motivos: primeiro porque nem a elas (nem à escola) foi fornecido algum de modo a trabalharem com ele em sala de aula. Segundo porque não receberam formação para o fazerem e terceiro porque as redes de internet das escolas não estão preparadas para se conseguir fazer a gestão dos Magalhães dentro de uma sala de aula sem interferir na gestão dos Magalhães da sala do lado. Só não vê quem não quer...
;)

Entrevista completa dada ao Jornal Público aqui.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Quem diz na matemática...

... diz, infelizmente, no resto das disciplinas...

Para quem não está bem por dentro da escola nos dias de hoje eu garanto-vos que já chegámos a este estado...

1. Ensino da matemática em 1950:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por 100,00.
O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda.
Qual é o lucro?

2. Ensino de matemática em 1970:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por 100,00.
O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda ou 80,00.
Demonstra qual é o lucro?

3. Ensino de matemática em 1980:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por 100,00.
O custo de produção desse carro de lenha é 80,00.
Qual é o lucro?

4. Ensino de matemática em 1990:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por 100,00.
O custo de produção desse carro de lenha é 80,00.
Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
( )20,00 ( )40,00 ( )60,00 ( )80,00 ( )100,00

5. Ensino de matemática em 2000:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por 100,00.
O custo de produção desse carro de lenha é 80,00. O lucro é de 20,00.
Está certo?
( )SIM ( ) NÃO

6. Ensino de matemática em 2008:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por 100,00.
O custo de produção é 80,00.
Se você souber ler coloque um X no 20,00.
( )20,00 ( )40,00 ( )60,00 ( )80,00 ( )100,00


Não se adiantam hipóteses para datas a partir de 2008. Sabem lá os miúdos sequer o que é um cortador de lenha quanto mais o resto.
Há uns tempos eu queixava-me a um colega de matemática, com quem partilho as turmas de 7º ano, que passei uma aula a tentar que os miúdos traçassem geometricamente a divisão da circunferência em 3, 4, 6 e 8 partes e eles não sabiam sequer pegar no compasso, na régua, fazer uma linha direita, um traçado diferenciado ou, chamar 'as coisas' pelo nome. Palavras como circunferência (bolas), raio (bocados), diâmetro (riscas), tangentes (a cena encostada), secantes (a pelo meio), hexágono (o coiso de 6) são-lhes completamente desconhecidas. Então quando peço para diferenciarem círculos de semi-círculos, de sectores circulares, segmentos circulares, zona circulares ou coroas circulares parece que falo chinês ou que acabei de chegar de outro planeta. Ele aconselhou-me a não exasperar... é que quando ele devia ter começado as equações perdeu uma aula de 90 minutos com a tabuada do 3.
Há excepções, felizmente. Cada vez menos, infelizmente.

Para quem tiver paciência eu aconselho vivamente a leitura desta crónica do escritor João Aguiar, publicada na revista Super Interessante. Muito real. Infelizmente.

Smile


É que, na profissão que tenho e nos dias que correm, parece-me que os que ainda sorriem são os únicos que conservam alguma sanidade mental. Ou não, ou não...

quinta-feira, 19 de março de 2009

Desabafos

O T. anda no 7º ano. Tem 12 anos. Acabado o 2º ciclo viu-se forçado a mudar de escola para um ambiente que não conhece, onde não conhece ninguém e ninguém o conhece a ele. O T. faz questão que assim continue a ser. Anda vestido de preto, correntes penduradas por todo o lado, cabelos louros mais compridos que os meus...
O seu passado é de violência. O T. foi espancado por um pai drogado e alcoólico. Viu a mãe ser repetidamente espancada (e inclusivamente violentada pelo marido enquanto grávida). Vive agora apenas com a mãe e a com a avó.
O T. odeia a escola. Como a maioria dos adolescente, não consegue perpectivar a longo prazo e não encontra sentido em nada daquilo. A sua motivação intrinseca é zero. A sua postura nas aulas (nas que se lembra de aparecer) é de alheamento total (isto quando não se lembra de fazer asneiras até que o ponham fora da sala).
Esta semana alguém (tanto ou ainda mais fresco que ele) apostou que ele não conseguiria dar um soco a ninguém que fosse mais alto e mais velho. O T. nem pensou duas vezes, daquele assunto percebe ele! Entrou na escola e o primeiro aluno mais velho que encontrou (calhou ser um do 10º ano) levou logo ali um soco na cara.
Bonito! Cara desfeita. Queixas apresentadas. Encarregados de Educação na escola. Suspensão para o T.
Eu pergunto: Quando voltar o que se seguirá? E que respostas damos nós a estas crianças?
É que o T. "só" precisa de mais atenção (possivelmente isso, a esta distância, já não chega mas seria um princípio).
Mas não. Não pode ser.
Um Psicólogo na escola para apoiar uma série de crianças na mesma situação que o T. custa dinheiro e o ministério prefere ‘fazer bonito’ a comprar quadros electrónicos (aos quais, depois, os miúdos não ligam nenhuma) do que investir no desenvolvimento pleno harmonioso das capacidades das crianças. Então não era esse o objectivo do Ensino?
Parece que não. Não pode ser...
Turmas reduzidas de modo a cada professor poder dar uma atenção mais individualizada a estas crianças também custa dinheiro. Menos alunos significaria mais turmas e mais turmas significaria ter de dar emprego a mais professores. Mais professores igual a mais custos.
Não pode ser...
O T. continuará integrado numa turma de 28 em que o professor com mais outras 5, 6, 7 ou 8 turmas mal se lembrará do nome dele quanto mais do backgroud de cada um
Apoio individual?
Não pode ser...
Professores com horas para dar apoios custam dinheiro e o Ministério resolveu reclassificar todas as crianças já diagnosticadas como portadoras de Necessidades Educativas Especiais (e dotá-las espontâneamente de qualidades e capacidades que elas não possuem de todo). Agora, apenas os alunos com deficiências profundas, beneficiam deste apoio. Sim, leram bem. É mesmo só de trissomias para cima. Autismos, síndromas de asperger, mutismos, afasias, discalculias, dislexias isso não conta nada! Estão todos integrados em turmas “normais” de 25-28 alunos. Amanhem-se! alunos e professores sem formação para lidar com estes casos específicos.

Expliquem-me lá como é que nós, Escola e Professores, podemos ajudar as crianças como o T. a integrarem-se, a perspectivar um futuro melhor que o seu passado (e até a ultrapassá-lo), a motivarem-se para aprender e até a sorrirem quando o Estado não quer saber delas para nada?
Ah, esperem, lembrei-me agora! Como família carênciada o T. tem direito a uma consulta de 30 minutos, uma vez por mês (ou será trimestral?), nos Serviços de Pedopsiquiatria do Hospital! Isso faz toda a diferença!!!
Digam-me, se faz favor! As crianças são o futuro do nosso país ou só algumas é que o podem ser?! E o que fazemos às outras? Exterminam-se para não darem problemas?
Estamos à espera de quê?! Que o T. e os outros como ele cresçam ainda mais e façam umas asneiras bem grandes para ‘espetarmos’ com eles numa qualquer instituição e assim deixarmos de os ver e esquecermo-nos que estes problemas existem?
Oh, Senhores mas ISSO PODE SER? Então isso NÃO CUSTA DINHEIRO?!
Desculpem-me. Hoje acordei irritada.
Editado para acrescentar: Com esta conversa anterior eu não quero dizer que acho a atitude ou o comportamento do T. desculpável. Eu só compreendo é o contexto e até me admiro como é que não aconteceu nada pior e mais cedo...

domingo, 15 de março de 2009

Claro que sim, Senhora Ministra!


In Jornal Público, 15 de Março de 2009



Oh, Senhora Ministra! Por quem sois?!
Eu até nem diria 12horas. Eu diria mesmo as 24 horas!
Melhor ainda, eu até acho que os pais poderiam vir trazer os filhos à escola no primeiro dia de aulas do primeiro ano e vir buscá-los no fim da faculdade, não acha?
Dá tanto trabalho educar, lavar, vestir, alimentar, abraçar, beijar, ralhar, mimar, limpar, encorajar, tratar, zangar, amar... Assim até conseguiríamos ter os pais tão felizes e descansados, não era?
Já agora... para quê mesmo é que se há-de ter os filhos?

quarta-feira, 4 de março de 2009

Reunião #28

Conselho de Turma Extraordinário para avaliação dos problemas disciplinares, balanço das Medidas Correctivas relativas à falta de assuiduidade e balanço do Projecto Curricular da Turma B do 5º ano.

É escusado deixar escrito e rescrito, acta após acta, que a escola tem de se adaptar ao facto de ter recebido pela primeira vez o 2º ciclo, de ter que começar a encarar os problemas disciplinares desde cedo e a tomar medidas. Escusado.

Já nem sei porque é que os professores se preocupam. Os miúdos já perceberam há muito que com este Conselho Directivo não lhe acontecerá nada, façam o que fizerem, mesmo...

4 de Março: 14:30-17:45
Total: 3 horas 15 m
Total acumulado: 61h 15m
(e ainda nem cheguei à avaliação do 2º período...)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ressaca pós mini-férias...



HELP! Mas quem foi a bendita Alma que resolveu 'dar-me' dois 5ºs anos...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Perigo!

Não se aproximem...
Vou trabalhar que nem uma estúpida no sábado e na segunda para, na 3ª e na 4ª, ficar só a brincar com os meus pintinhos!!!

PS-Domingo, népias. Nada de trabalho. Domingo é dia do Senhor!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Reunião #25, #26 e #27

Conselhos de Turma Intercalares para lançamento das notas das disciplinas semestrais (Educação Tecnológica, Expressão Dramática e Expressão Plástica), acerto das datas das provas relativas às medidas correctivas e balanço dos Projectos curriculares de Turma.

7ºA: 18 Fevereiro, 15h-17h
7ºB: 18 Fevereiro, 17h-19h - 4horas
7ºC: 19 Fevereiro, 16:30-18h - 1h30
Total: 5 horas 30 m
Total acumulado: 58h

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Num mundo perfeito...

... eu não daria aulas a 5ºs anos pois as minhas habilitações são para leccionar as disciplinas do grupo das Artes ao 3º ciclo e Secundário. E, não, deixem-me que vos diga, que não é a mesma coisa.
Eu não escolhi fazer a profissionalização em 2º ciclo.
Eu não sei dar aulas a 5ºs anos.
Eu não gosto de dar aulas aos 5ºs anos...
Ao que parece, para a nossa querida ministra, basta nós termos assim uns vestígios de uma qualquer formação para servir para dar outra que seja ligeiramente similar.
Tu aí que sabes piscar os olhos... já podes ir dar aulas de biologia.
Tu aí que sabes dizer 'Hello'... podes ir dar aulas de inglês.
*suspiro*

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Objectivos e objectivos

Chego à conclusão que na minha escola, e depois de duas reuniões gerais em que mais de 80% dos professores votaram pela suspensão da avaliação, serei agora, provavelmente, a única dos contratados que não entregarei amanhã os tais dos Objectivos Individuais.
Tal como a maioria dos professores que todos os anos recebe turmas novas, níveis novos e até disiciplinas novas e, de acordo com isso, planifica e prepara as actividades lectivas que desempenhará ao longo do ano, tenho os meus objectivos definidos. Feitos. Só optei por não os entregar.
Não sou louca, não sou heroína. Simplesmente tenho de viver com as minhas decisões e fazer uma coisa com a qual sou absolutamente contra só porque todos os outros a farão com receio das consequências é algo que não consigo fazer.
Quero que o meu trabalho seja avaliado de dois em dois anos de modo justo e sério. Quero uma avaliação formativa, uma avaliação que me ajude a tornar melhor e não uma medida economicista independente da qualidade do trabalho dos professores. Preparar os meus alunos para o seu futuro é a minha função, o meu objectivo, o meu trabalho. É isso que quero continuar a fazer (se me deixarem) e é nisso que quero continuar a investir o meu tempo e não no acto de realizar mil e uma fichas para engrossar paralelamente um portfólio que os alunos até poderão nunca ver e enfeitar as estatísticas do Ministério da Educação.
Sim, tenho os objectivos feitos, no meu dossier.
Sim, vou entregar a minha Auto-avaliação final.
Sim, quero continuar a trabalhar.
Não, não vou entregar os Objectivos Individuais.
Não, não sei o que me vai acontecer.
Tenho dois filhos aos quais gostaria de transmitir lições importantes.
O medo não me move. O dinheiro não me move.
O futuro a Deus pertence.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Hilariante!


É a nova anedota nacional. Só pode, mesmo!
O governo, o mesminho que "empurrou" os professores para a reforma antecipada (alguns com perca de vencimento na ordem dos 40%) espera agora que estes regressem às escolas como... voluntários?!
De acordo com o Projecto de Despacho do Sr. Sercretário de Estado da Educação, Valter Lemos pretende agora fazer regressar às escolas os professores aposentados, em regime de voluntariado.
Aparentemente, até poderia fazer algum sentido e era um gesto bonito... Alguns dos milhares de professores que se aposentaram recentemente, decepcionados com este Ministério da Educação (só para não dizer em ruptura completa), poderiam até equacionar esse regresso, sem compromissos, sem pressões, apenas com o nobre intuito de ajudarem os alunos e a escola, aos quais no fundo se entregaram durante a maior parte das suas vidas.
Mas, pasme-se! Esse regresso não é para ser feito livremente! O voluntariado é para prestar apoios educativos, implica a criação de "vagas de voluntariado" nas escolas, e os voluntários serão sujeitos a uma avaliação do seu desempenho enquanto estiverem na escola!
Deve ser uma anedota já a pensar na aproximação do Carnaval. Hilariante, mesmo!
É que estou mesmo a ver os meus colegas que se foram embora a voltarem já, já e nestas condições!
Notícia no Público, no Correio da Manhã, no Sol, e etecetras...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Alegoria Esclarecedora

Era uma vez um homem que tinha um patrão. Um dia, o patrão resolveu começar a ignorar as leis laborais ou, pelo menos, as do bom senso. Começou por impor que passaria a dar ao empregado – conhecido anteriormente por "um homem que tinha um patrão" – um empurrão por dia. Não é que o empregado tenha gostado da ideia, esboçou um protesto, mas pensou "Um empurrão não é grave, prontos!". Havia dias em que o empregado até chegava a achar graça e lá ia produzindo o que tinha a produzir.
No mês seguinte, o patrão pensou, pensou, pensou e decidiu acrescentar ao empurrão um beliscão igualmente diário. O empregado voltou a não achar graça, chegou mesmo a dizer que isso até podia afectar a produtividade. O problema é que patrão é patrão e não convém dizer que não. Assim, o empregado lá foi aguentando. Teve alguns problemas em casa para explicar à mulher a origem daquela marca de beliscão e só não acrescentamos um divórcio à história porque não interessa à alegoria propriamente dita.
Passado mais um mês, o patrão, depois de muito matutar, decidiu que devia acrescentar ao empurrão e ao beliscão uma cotovelada no diafragma. Aí, o empregado começou a levantar a voz, até porque uma cotovelada já é uma dor significativa e no diafragma chega mesmo a dificultar a respiração, podendo ser mais um factor de baixa de produtividade. Nada demoveu o patrão. "Era o que faltava!", dizia ele, cofiando o longo bigode dos patrões das alegorias, "Daqui a bocado, isto era uma democracia a sério em que andávamos a ouvir a opinião dos trabalhadores!"
Um mês depois, o patrão, tendo cogitado mais um bocado, decidiu que era tempo de começar a incluir no rol dos "incentivos", como lhes chamava sem se rir, a bofetada. O empregado continuou a trabalhar, mas, estranhamente, já não sentia o mesmo prazer e chegou a queixar-se a alguns amigos de outras empresas. O problema era que, nas outras empresas, alguns patrões já há muito que tinham passado a fase da bofetada e alguns já iam na serra eléctrica ou no picador de gelo. Por isso, alguns amigos diziam ao empregado: "Tens é muita sorte, não sabes o que é bom! Havias de ter um picador de gelo nas costas todos os dias para veres como uma bofetada é uma coisa maravilhosa! Quem me dera a mim levar bofetadas de hora a hora!"
Quando chegou o dia em que o patrão determinou que o empregado também ia passar a levar um pontapé nos testículos, foi uma gritaria lá na empresa e o empregado nunca mais parou de reivindicar, aproveitando os sábados para marchar em protesto contra o empurrão, o beliscão, a cotovelada no diafragma, a bofetada e o pontapé nos testículos. Para além disso, deu-lhe para fazer greve. O patrão começou a ficar preocupado com a reacção do empregado e até chegou a pedir-lhe desculpa, mas, como muitos patrões de tantas alegorias, pensava que, por um lado, não podia voltar atrás, embora, por outro, estivesse com um bocado de medo de perder o controlo da situação.
Foi então que, pondo o ar magnânimo e paciente de todos os patrões, se lembrou de propor o seguinte: não havia mais empurrão nem beliscão durante um ano e não se falava mais nisso. Fez esta proposta de maneira a que toda a gente na aldeia pudesse ouvir. Mas não é que o empregado nem assim se aquietou nos seus protestos? Os amigos falavam com ele e não percebiam por que razão o nosso herói continuava tão abespinhado, se o patrão já tinha cedido tanto. Alguns chegaram mesmo a dizer-lhe que ele não queria era trabalhar, que era um malandro, um privilegiado sem vergonha. Foi aí que o empregado se apercebeu da verdadeira importância de ter testículos e nunca mais se calou.

Fernando Nabais


Dedicado a todos os que não percebem por que razão é que os professores não se aquietam.
Dedicado a todos os professores que se têm calado de cada vez que levam um empurrão.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Reunião #23, #24

Conselho de Turma: 5ºB, 7ºB

São turmas com casos graves de dificuldades cognitivas e foi necessário realizar novas reuniões com a colega dos Apoios Educativos para ajustar e adaptar programas, planificações, elaborar currículos próprios, medidas correctivas relativas ao absentismo, planos educativos individuais, etc.
Papel, papel, papel...
Total no dia: 4 horas
Total acumulado: 52h 30m

sábado, 27 de dezembro de 2008

*suspiro*

Ainda não contabilizei as horas que perdi (literalmente) em reuniões no final deste primeiro período, a discutir "o sexo dos anjos" e a produzir papel, papel, papel. Ele é balanço de planos de acompanhamento, ele é elaboração de planos de recuperação, ele é relatórios de projecto curricular de turmas, ele é relatórios de planificações não cumpridas, ele é relatórios de actividades desenvolvidas, ele é sínteses descritivas individuais de cada um dos meus 166 alunos... Se ao menos eu conseguisse ver resultados da aplicação prática de tanto papel não ficava tão esmorecida...
Enfim, à excepção das duas turmas dos cursos profissionais (com cuja pertinência também estamos conversados), eu garanto-vos que não estive menos de 3 horas em cada uma das outras 5 reuniões.
TRÊS HORAS vezes CINCO reuniões e tive muita sorte! Sorte, porque a 3 turmas eu lecciono duas disciplinas diferentes e, por isso, 'arrumei' tudo duma vez nessas 3 reuniões (era pior se leccionasse as duas disciplinas em turmas diferentes pois assim 'papava' MAIS 3 reuniões...). Mesmo assim sobrou-me a noite do dia 23 para fazer compras e embrulhos e só vos digo que o IKEA, a FNAC, a Decatlon e afins têm muito mais graça entre as 11 e a meia noite! lolol
Este ano tive a "novidade" de ter de justificar TODAS as negativas que dei. Para quem não sabe, até agora, cada professor só tinha necessidade de entregar um relatório justificativo das negativas que dava se por alguma razão desse um nível 1 ou, nalguma turma, desse 50% ou mais de negativas.
Esta novidade de ter de justificar todas (mesmo que se agrupem os alunos, cujas razões para terem negativa foram comuns, para facilitar tarefa) é, com toda a certeza, uma estratégia a ver se deixamos de dar negativas... Sei lá, de nos porem a pensar "Ah e tal vou dar negativa a este e depois tenho de fazer um relatório de competências não adquiridas e explicar porque cada um não as adquiriu?! Acho que não me vou dar a esse trabalho..."
Mas pronto, Senhora Ministra, eu vinha só dizer-lhe que sou um caso crónico. É que tenho esta ideia parva de só avaliar positivamente os alunos que têm aproveitamento e não há quem me consiga tirar isto da cabeça!!!
Serei também eu um caso de Necessidades Educativas Especiais?! Vejam lá se também têm de elaborar para mim algum Plano de Acompanhamento, algum Plano de Recuperação, algum Plano Educativo Individual, algumas Adaptações Curriculares, algum Currículo Alternativo ou Próprio, ou mesmo, quem sabe, sujeitar-me a uma avaliaçãozinha psicológica ou a uma C.I.F.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Reunião #21, #22

Conselho de Turma de Avaliação de final de período: 7ºB, 7ºC

Muitas negativas, muito absentismo, muito planos de recuperação, muito desinteresse por parte dos pais...
7ºB: 23 de Dezembro, 8:30-12:30 (simplesmesmte inexplicável o tempo que esta reunão demorou...)
7ºC: 23 de Dezembro, 13:3015:30
Total no dia: 6 horas
Total acumulado no corrente ano lectivo: 48h 30m

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