terça-feira, 7 de julho de 2009

Na mouche!

Stephen P. Heyneman é um professor da Universidade de Vanderbilt (Tennessee, EUA), trabalhou no Banco Mundial durante 22 anos, e, nos últimos anos tem sido consultor de Política Educativa Internacional em diversos países. Na semana passada esteve em Lisboa para falar sobre a política educativa da administração Obama e expressou esta opinião relativamente à distribuição dos computadores Magalhães no ensino público primário português:

“É um computador colorido. Gosto da sua portabilidade. O que me perturba é ter sido dado às crianças como se elas pudessem ter autonomia para trabalhar sozinhas. E os professores?”, pergunta. “Eu começaria por dar computadores aos professores para trabalharem e organizarem as suas lições. Era isso que recomendaria à vossa ministra da Educação”, responde. O que vi, no Porto ou em Lisboa, foi crianças a brincar com o Magalhães, “como se fosse uma máquina de jogos e não como se tivessem um computador para trabalhar”. “Não deve ter sido para isso que os computadores foram distribuídos. Certamente não eram esses os objectivos do Ministério da Educação, mas sim o da sua integração no trabalho escolar”...

Heyneman lembrou ainda um estudo comparativo feito na Áustria e nos EUA sobre a utilização dos computadores: Enquanto na Áustria o programa foi um sucesso porque os professores foram envolvidos e tiveram formação para aprender a trabalhar e foram eles que ensinaram as crianças; nos EUA não houve formação, nem integração no currículo e os resultados do programa não foram positivos. É em estudos como este que Portugal deveria reflectir.

Nem mais! Em poucas palavras está lá tudo.
E mais... Já diziam as professoras primárias dos meus filhos: "Todos podem pedir o computador, se o desejarem, mas os pais ficam desde já informados que nós não os exigiremos para as aulas". E isso por três motivos: primeiro porque nem a elas (nem à escola) foi fornecido algum de modo a trabalharem com ele em sala de aula. Segundo porque não receberam formação para o fazerem e terceiro porque as redes de internet das escolas não estão preparadas para se conseguir fazer a gestão dos Magalhães dentro de uma sala de aula sem interferir na gestão dos Magalhães da sala do lado. Só não vê quem não quer...
;)

Entrevista completa dada ao Jornal Público aqui.

1 Sementes:

Manuel Brás 10:37 da manhã  

Para a brincadeira
o Magalhães é útil,
a azulada bandeira
de uma política fútil.

A análise certeira
de quem sabe ver,
sobre a postura fiteira
de quem finge conviver.

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