segunda-feira, 25 de junho de 2007

A realidade virtual do mundo educativo

A recente polémica à volta dos erros ortográficos e aritméticos nas provas de aferição do 4.º e 6.º anos mostrou algumas das origens da nossa catástrofe educativa (porque, vale a pena lembrar, vivemos uma catástrofe educativa...).

Em declarações à agência Lusa (29/05/2007, 14.39), o responsável do ministério, desmentindo "liminarmente" a acusação de não se ligar aos erros, explicou: "Não faz sentido penalizar a incorrecção ortográfica na primeira parte, quando o que se pretende perceber é se o aluno compreendeu ou não o texto".

Esta indignação é o elemento mais revelador do caso. O ministério gasta um dinheirão num exame nacional a fingir, pois as notas não contam para os alunos. Depois, desperdiça a informação recolhida, omitindo um aspecto quando avalia outro. Finalmente, considera tudo isto como "técnica de avaliação". Talvez daqui a anos, quando estes jovens escreverem mal um relatório que mandam ao patrão, se justifiquem dizendo que não é a sua ortografia que está a ser avaliada. Como é possível pessoas inteligentes dizerem tais disparates? (...)

O Ministério da Educação português é um bom exemplo de como um sistema autodeterminado pode disparar em sentidos impenetráveis e incoerentes. A sucessão de repetidas reformas, mesmo que justificadas individualmente, criou um conjunto inconsistente e delirante, que hoje até gasta fortunas em testes a fingir, que avaliam aos bochechos. (...) Uma potência estrangeira que quisesse sabotar o nosso progresso dificilmente faria pior.

João César das Neves, professor universitário
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4 Sementes:

Sandra Dias 10:15 da manhã  

Gostei de ler esta notícia!
Na minha opnião, é completamente ridículo que numa prova de PORTUGUÊS não se dê valor aos erros ortográficos! Mas estaremos nós a caminho de educar uma geração que um dia não saberá escrever um texto de 5 linhas sem dar um erro? Parece-me que sim :-(
Obrigada PA pela partilha desta notícia.

Convenção Bookcrossing 11:51 da manhã  

é cada uma... :s

Flor 12:59 da tarde  

A menina foi desafiada, é favor ir ao meu blogue ;-)

Anónimo 1:28 da tarde  

infelizmente, é disto por todo o lado. eu já me acho alien, cada vez que defendo que o português tem de estar bem escrito, chegámos ao ponto de professores universitários (não por mérito, já entendi, mas por cargo) dizerem, ao dar um exame de escolha múltipla, «atenção que o exame tem "ratoeiras", mas não liguem se houver algum erro de português". até fico verde!

nestes anos todos, tive vários bons professores. mas os meus, são mais que muitos. sobre o ministério... não me lembro de alguma vez o ter elogiado, é calinada atrás de calinada :S

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