quarta-feira, 14 de junho de 2006

End of term



(Não, descansem, não vou falar nem de greves, nem do governo, nem da ministra, nem das belas políticas de ensino e dos estatutos da carreira docente que nos querem impingir...)



O ano escolar está a acabar para os miúdos.
Mais uma semana e... fim.
Há uns que não me importo nada de os ver de férias.
Há outros que deixam saudades...
Há tantos que, olhando para eles, pensamos: o que irá ser destes?
O ano passa tão devagar e agora, o fim, parece que voa.
Nesta altura há miúdos que deixam cair a máscara por completo (alguns, que já sabem o que os espera, já nem aparecem) e há outros que se colam a nós que nem lapas já com saudades antes da partida.
Ao contrário do que pensa a maioria dos portugueses as férias (dos professores) ainda vêm lá ao longe, bem ao looonge.
Agora há que montar exposições, fazer reuniões de Conselhos de Turmas (eu 'só' tenho 8!), fazer reuniões com encarregados de educação, verificar actas, fazer as matrículas dos miúdos (sim, somos nós, não é a secretaria), fazer inventários de arrecadações dos materiais (ciências, química, educação visual, educação tecnológica, educação física, música, etc), fazer encomendas de materiais para o próximo ano, fazer turmas (horários só lá mais para a frente), fazer planificações, fichas de trabalho, relatórios de final de ano, rever o Regulamento Interno da Escola, o regulamento dos departamentos e, até (acreditem!!) voltar a pintar no cimento as marcas dos campos para a prática de educação física.
Ao mesmo tempo são trabalhos agradáveis e não o são. É que se por vezes também sabe bem trabalhar apenas entre colegas (e há sempre surpresas nesta altura, surgem sempre novas amizades que não tiveram tempo para se desenvolverem na correria do ano lectivo), por outro lado a razão de ser disto tudo são os miúdos. E os miúdos já não estão lá...
Prepara-se o próximo ano lectivo com expectativa. Uma expectativa animadora, com confiança no futuro, que, por vezes, eles próprios não a têm.
É uma fase mais descansada, é certo, o trabalho pode ser menor, menos stressante mas os miúdos fazem-me falta, o que é que querem?!
Há alturas em que penso como é que as professoras primárias suportam uma ruptura abrupta com as crianças com quem partilham a sua vida durante quatro anos seguidos.
Eu tenho-os só durante um ano, um ano em que dividem comigo alguns dos seus problemas individuais, em família ou em turma e já me custa tanto vê-los 'partir'. É tão bonito vê-los crescer como pessoas.
As minhas disciplinas são, de facto, previlegiadas (ou não) nesse sentido. Tenho um programa que pode gerido por mim ao longo de todo o 3º ciclo em vez da correria doutras disciplinas mais teóricas que mal têm tempo para extras. Isso dá-me espaço para conhecer os miúdos. Uma vez explicada a teoria e a actividade que pretendo que eles façam posso comunicar individualmente com cada um. Os miúdos reagem bem a isso, e, assim, durante um ano eu sinto que eles foram um bocadinho 'meus filhos'.
Aos meus filhos eu desejo tudo de bom.

:)

PS E lembram-se do Miguel? O tal que não o meu? O Miguel conseguiu um brilhante 3 na minha disciplina!

4 Sementes:

teste 2:16 da tarde  

=) é das professoras como tu, que passaram pela minha vida, que eu me lembro com carinho e saudade. das que me faziam sentir especial e não apenas mais uma (ainda que eu tivesse facilidade em obter resultados). e são as professoras como tu que eu tive que me fizeram acreditar que vale a pena fazer algo de que se goste, e faze lo com amor.

obrigada por seres como és. e obrigada também, em nome do miguel que deve estar feliz com o 3 que teve =)

Cenoura 9:28 da manhã  

Vocês são maluquitas!
:)
Eu sou igual a tantos milhares de outros professores. Faço o que posso, o que consigo, com consciência que nem sempre chega. Aliás... nunca chega.
O que me custa mesmo é a falta de credibilidade que resolveram 'colar' à imagem dos professores quando tenho colegas que dão couro, cabelo, camisola, tudo pelos miúdos...

Maria 4:32 da tarde  

Ó mulher!... já é a segunda vez que ao "ler-te" fico com um nó na garganta!
Apesar das coisas más por que passam os professores, acho que o contibuto que tem para que as nossas crianças sejam melhores adultos são de facto a sua maior riqueza. Não sou professora, mas sou mãe de um rapaz de 10 anos e uma rapariga de 17 e tento acompanhá-los o mais possível e não tenho razão de queixa, estou sempre atenta e disponivel para ajudar os professores no desempenho da sua tarefa muitas vezes "heróica".
Bom trabalho!

teste 4:34 da tarde  

PA, não somos nada maluquitas, mas fomos alunas e sabemos ver a diferença. as boas intenções, talvez todos os professores tenham - mas conseguir transparecer esse carinho, muito poucos. tu és um deles :)

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