God give me patience...
Uma das disciplinas que dou ao 3º ciclo é semestral. É uma disciplina de cariz artístico, experimental, que os miúdos escolhem entre uma série delas que a escola oferece. O meu horário é sempre o mesmo mas no 1º semestre do ano eu recebo umas turmas e, no 2º semestre, recebo outras.
Como disciplina "extra" e artística é suposto eu abordar com os miúdos materiais e técnicas diferentes dos utilizados na disciplina obrigatória de Educação Visual.
É uma disciplina que me agrada bastante por vários motivos. Primeiro porque permite aos alunos experimentarem 'coisas' que provavelmente não voltarão a experimentar (a menos que sigam o agrupamento das artes, no secundário) e serem criativos (coisa que, confessemos, o nosso currículo nacional mal lhes permite), depois porque obviamente me agrada ter uma turma um pouco mais reduzida que as restantes já que, sendo uma opção, nem todos a escolhem e é muito bom trabalhar com turmas de 15-17 alunos em vez de 25-28 e, por fim, porque estando lá por escolha deles e sendo a turma mais reduzida me permite, naturalmente, dar-lhes uma atenção diferente e estabelecer com eles uma relação diferente.
Claro que no meio há sempre os cromos do costume...
De acordo com o calendário e com a divisão que este impõe para ambos os semestre terem o mesmo número de aulas, para a semana já receberei os 2ºs turnos e esta semana estou a despedir-me das turmas do 1º semestre. Como acabámos os trabalhos, fizemos a auto e hetero avaliação e eu sou pouco de deixá-los sair mais cedo resolvi passar-lhes o filme "Rapariga com brinco de Pérola" não só para lhes mostrar os quadros do Vermeer mas igualmente para lhes fazer uma abordagem aos "princípios" da perspectiva (e mostrar-lhes a Camera Obscura) já que é a matéria que irei introduzir na outra disciplina que lhes dou, essa anual, de Educação Visual.
Bem, lá iniciei o computador, carreguei o dvd e fiz uma pequena a contextualização sobre o que iam ver...
Ainda não tinham passado 5 minutos do início do filme quando um aluno me diz:
-Oh stôra, tá a gozar connosco!
-Eu? Como assim?
-A Stôra não começou por dizer que o filme retratava o século 17?
-Sim, e? Não era a gozar.
-Oh, Stôra, no século 17 não havia filmes a cores!!!
*suspiro*
-Retratava, Senhor! Retratava!